sexta-feira, 16 de março de 2012

Como explicar para o irmão mais velho (ou mais novo) que seu irmãozinho é autista?





Mais uma vez esclareço que não sou profissional da área médica nem de educação especial, sou apenas uma irmã, tentando mostrar a vocês pais, como "pensa" uma criança que tem um irmão especial, no meu caso, irmão autista.


Ser irmão de uma criança (ou jovem/adulto) deficiente não é fácil. Enquanto nossos amiguinhos tem irmãos "normais", que brincam com eles, fazem tarefas escolares, passeiam juntos, nós temos um irmão diferente, especial, e, consequentemente, esse irmão terá sim mais a atenção dos nossos pais. Não é o tema deste post, mas fica aqui um alerta aos pais: deem atenção também a seu filho "normal", ele também precisa de você! Eu tive atenção dos meus pais, isso é só um alerta, às vezes por achar que o autista precisa mais de atenção ( e eu acho que precisa mesmo) vocês podem 'esquecer' dos outros filhos, claro que sem querer, óbvio!

Desde cedo, nós, crianças, nos deparamos com o preconceito das outras crianças, com os deboches que fazem de você ter um irmão especial, etc. Crianças são sinceras, elas muitas vezes vão repetir o que seus pais falam em casa, por exemplo, se uma criança escuta seus pais falarem que o Joãozinho, filho da Maria, é 'doente' , ele vai sair e perguntar para o amigo: "José, teu irmão é doente é? Minha mãe falou para meu pai que seu irmão é doente. Isso 'passa' para os outros? Como ele pegou essa doença?" Convenhamos, para uma criança de 6, 7 anos explicar que seu irmão não é doente, ver estampado no olhar de outras crianças (e de outros adultos) o medo, o preconceito é muito, MUITO, doloroso e eu senti isso na pela várias vezes e esse é um assunto que me emociona.

Sinceramente, não me recordo como meus pais me falaram que eu tinha um irmão especial. Lembro apenas de como eu lidava com a situação no meu dia a dia com meus amiguinhos, colegas, pessoas que me perguntavam o que meu irmão "tinha".

Na minha opinião (de irmã)  acredito que desde cedo, vocês pais devem explicar aos demais filhos, que seu irmão é autista. O que é o autismo, que não é contagioso, que o seu irmão é uma criança normal sim, só tem dificuldade de interação social, que é uma pessoa que merece todo nosso respeito, carinho e amor.

A ajuda de um psicólogo pode ajudar nessa tarefa, de como explicar, na linguagem da própria criança o que é o autismo. Historinhas como as da Turma da Mônica que foram feitas em uma linguagem bem acessível são excelentes, como essas por exemplo (há mais no youtube):





Quando desde cedo se explica aos demais filhos o que é o autismo, o que responder aos amigos quando lhes perguntam sobre o irmão, melhor será. É importante frisar que devemos sempre nos orgulhar de nosso irmão. Não estou falando de ter orgulho da síndrome, e sim de quem ele é, da pessoa que ele é e devemos ensinar aos outros filhos a exigirem respeito com seu irmão.

Como era doloroso ver amiguinhos debochando dos maneirismos do Luizinho, imitando os gritinhos, as corridinhas. Quando vocês pais presenciarem isso, converse com quem debocha (eu disse conversar, não xingar), expliquem o que é o autismo e o quanto aquela criança autista deve estar chateada por não ser compreendida.

Buenas, acho que para um primeiro dia de blog falei demais não acham?

Abraços fraternos azuis!



Um comentário:

  1. Querida... vc conseguiu escrever com tanta ternura este texto! Quando nós falamos com a Pietra sobre o assunto - nunca vou me esquecer - nós dissemos à ela: Pietra, tua irmãzinha é especial... e antes que pudéssemos explicar o que era aquele "especial" , ela começou a chorar e falou: - eu também sou especial, né mãe? Foi bem difícil, pois naquele mesmo momento nós nos abraçamos e choramos muito... depois disso, a explicação saiu. Estes dias eu ouvi ela falar para uma amiga: minha irmã é autista... e a amiga: o que é autista??? e ela: autismo é uma doença... eu rapidamente chamei-a num canto e falei : Pi, acho que tu podes explicar melhor para a tua amiga... autismo não é uma doença, é um jeito de ser! E ela foi correndo para a amiguinha corrigir o que tinha falado anteriormente.
    Acho muito importante um acompanhamento psicológico nestes casos. Ela frequenta uma psicóloga 1 vez por semana e já teve aulas na própria amar sobre autismo, inclusive ela assistiu estes vídeos lá. Muito bacana teu post!

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